O projeto de uma Zona de Emissões Reduzidas para a baixa de Lisboa tinha sido proposto no início de 2020 por Fernando Medina, à data presidente da Câmara Municipal de Lisboa, mas ficou suspenso devido à pandemia. A análise desta ideia voltou ao debate em novembro e, segundo o Lisboa para Pessoas, “a Esquerda quer que ZER Avenida-Baixa-Chiado (ABC) seja implementada como apresentada no ano passado. Partidos à direita concordam com a ZER, mas querem melhor planeamento e mais participação”.
A proposta da ZER ABC prevê a redução em 40% dos veículos que acedem à Baixa, redução da utilização da Avenida como eixo de saída da cidade; reposição do modelos original de circulação ascendente/descendente nas laterais; eliminação de 350 lugares de estacionamento de rotação à superfície; introdução de ciclovias e, entre muitas outras ações, ordenamento de cargas e descargas.
O Bloco de Esquerda recomendou assim a implementação de uma ZER na Avenida da Liberdade, Baixa-Chiado e Ribeira das Naus, que foi aprovada pelo BE, PS, Livre, PCP, PEV, PAN e pelos independentes. Apenas os partidos à direita votaram contra – PSD, CDS, Aliança, IL, PPM e Chega. Já o MPT, que integrou a coligação Novos Tempos, absteve-se ao lado de Miguel Coelho.
Na sessão AML, Isabel Pires, deputada do BE, disse que “não há razão enquanto cidade para não estarmos na liderança do combate às alterações climáticas”. A deputada do Livre, Isabel Mendes Lopes, destacou também, segundo o Lisboa para Pessoas, ser “essencial retomar a implementação das Zonas de Emissões Reduzidas, em particular a da Avenida-Baixa-Chiado, e estabelecer um calendário de forma participada com a população para a implementação de novas zonas e estudar a evolução para Zonas de Emissão Zero [ZEE]”. Já Miguel Coelho, presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, recordou que a ZER ABC foi apresentada e debatida publicamente, muito por força da sua junta. “Houve um compromisso que o presidente da Câmara na altura assumiu comigo de fazer uma revisão geral da proposta inicial atendendo a muitas das reivindicações que a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior e que os residentes e comerciantes também puderam colocar nesses debates”, disse.
Os partidos mais à direita querem ainda rever o projeto, defendendo que deve ser melhor planeado e mais participativo. Carlos Reis, do PSD, disse ser “óbvio que estamos todos unidos na salvação do planeta e que temos de resolver o problema do trânsito no centro da cidade e fazer algo em relação à Baixa e ao Chiado”, mas sublinhou que “não há estudos, não há propostas para fazer a ZER”. Segundo o mesmo responsável, “há apenas anúncios e declarações para ‘feel good’ e declarações para ‘feel good’ não servem”.
Rodrigo Mello Gonçalves, da Iniciativa Liberal, acrescentou que não discordando do princípio de implementação de uma ZER na zona da Baixa-Chiado, o que solicitamos é que a Câmara Municipal pegue neste projeto, o avalie, o discuta com a cidade, o apresente. E depois tomar-se-ão as decisões que terão de ser tomadas”.