As trotinetes fazem parte do cenário urbano e a micromobilidade é uma das soluções que, nos últimos anos, mais tem colhido adesão dos cidadãos, para satisfazer as suas necessidades de deslocação.

Um dos operadores mais recentes a chegar ao mercado foi a LINK e o Welectric conversou com João Afonso, Diretor de Operações da Superpedestrian em Portugal, empresa que introduziu as LINK, para conhecer os seus pontos de vista sobre o que se pode esperar sobre a evolução deste segmento de mobilidade.

João Afonso não tem duvidas de que as trotinetes contribuem “para diminuir o congestionamento de tráfego nas cidades e funcionam como um complemento ao sistema de transportes públicos, que está muitas vezes sobrecarregado”.

O responsável da Superpedestrian sublinha a ajuda dada pelas trotinetes nas cidades aos cidadãos a não dependerem apenas dos carros particulares, destaca os benefícios ambientais e económicos proporcionados pelas trotinetes e defende a necessidade das cidades planearem “adequadamente a integração destes novos meios de transporte para que sejam estabelecidos de uma forma harmoniosa”.

Welectric: Quais são os grandes trunfos das trotinetes num cenário de mobilidade urbana?
João Afonso (JA): Os serviços de mobilidade partilhada com trotinetes partilhadas têm vindo a destacar-se em todo o mundo como um meio de transporte sustentável. O sucesso destas soluções de mobilidade deve-se também a novas estratégias e planos de mobilidade urbana e à preocupação dos cidadãos em utilizar alternativas menos poluentes nas suas deslocações.

“As trotinetes contribuem para diminuir o congestionamento de tráfego nas cidades”

As trotinetes contribuem para diminuir o congestionamento de tráfego nas cidades e funcionam como um complemento ao sistema de transportes públicos, que está muitas vezes sobrecarregado.

Os sistemas de mobilidade partilhada, como é o caso das trotinetes, ajudam as cidades a enfrentar vários problemas, como a redução da poluição do ar, a redução da desigualdade no acesso ao transporte ou a promoção de uma economia mais sustentável. Por exemplo, durante a pandemia COVID-19, as trotinetes partilhadas tornaram-se um recurso importante em muitas cidades, porque promovem o distanciamento social e ajudam as cidades a não depender apenas dos carros particulares para substituir os transportes públicos nas deslocações diárias, especialmente para viagens de curta distância.

A expansão da micromobilidade também se deve a novas estratégias de mobilidade urbana implementadas pelos governos para melhorar as deslocações e o bem-estar das cidades. Na Europa, a estratégia de mobilidade sustentável e inteligente depende dos meios de transporte não poluentes, para reduzir significativamente as emissões de carbono deste setor, bem como para ajudar a aumentar a resiliência do setor, garantindo que o sistema de transportes é verdadeiramente flexível contra crises futuras.

W: Qual o tipo de utilização em que as trotinetes se podem revelar mais vantajosas?
JA: A utilização de trotinetes é perfeita para deslocações de curtas distâncias, evitando o uso do carro em todas as situações do dia a dia, contribuindo para uma circulação mais fluida do trânsito na cidade e diminuindo a poluição atmosférica. As trotinetes partilhadas são uma ótima opção para as deslocações para trabalho ou compras, bem como para os passeios de excursionistas e turistas. Em Lisboa, no caso das LINK, foram percorridos, em média, 2,63 km por viagem, o que significa que os condutores percorreram maiores distâncias sem utilizar o carro.

Dados da NABSA [North American Bikeshare Association] mostram que cada trotinete na América do Norte contribui com 921 dólares (cerca de 785 euros) a cada seis meses em compras adicionais em lojas como cafés e mercearias alimentares. Se o mesmo se verificar em Lisboa, a frota da Superpedestrian, por si só, poderia aumentar o comércio local em 2,3 milhões de euros por ano.

“Dados mostram que cada trotinete na América do Norte contribui com 921 dólares (cerca de €785) a cada seis meses em compras adicionais em lojas como cafés e mercearias alimentares”.

João Afonso, responsável pela operação da LINK em Portugal

W: A apetência dos portugueses pelas trotinetes é agora maior do que há dois anos, por exemplo?
JA: A Superpedestrian está no mercado português apenas desde junho deste ano, mas a experiência tem sido muito positiva. Nas primeiras quatro semanas de atividade das trotinetes de mobilidade partilhada da Superpedestrian em Lisboa foram percorridos 100.000 km e mais de 35.000 pessoas realizaram viagens nas trotinetes LINK.

W: Ainda há espaço para mais players de micromobilidade operarem no mercado e termos mais trotinetes nas ruas?
JA: Acreditamos que a micromobilidade é o futuro do transporte nas cidades e esse mercado crescerá nos próximos anos. De acordo com a Allied Market Research, o mercado global de micromobilidade foi avaliado em 40,19 mil milhões de dólares em 2020 e poderá atingir os 195,42 mil milhões de dólares em 2030, registando um CAGR de 17,4% de 2021 a 2030 (fonte).

O importante é que cada operador de mobilidade partilhada disponibilize veículos mais seguros, mais duradouros e com o menor impacto possível no meio ambiente e que as cidades planeiem adequadamente a integração destes novos meios de transporte para que sejam estabelecidos de uma forma harmoniosa.

W: Que medidas entende que fazem falta serem tomadas em termos políticos para a atividade da micromobilidade poder crescer mais nas cidades?
JA: As trotinetes, como uma alternativa de mobilidade partilhada, são um meio de transporte sustentável. Um grande problema em expandir as operações de micromobilidade, no caso dos sistemas de trotinetes partilhadas, é a falta de regulamentações deste “novo” meio de transporte. Recentemente, várias cidades em todo o mundo têm realizado testes de trotinetes partilhadas e testes-piloto para melhor regular a sua utilização. O fator humano é um dos maiores desafios para resolver o problema da micromobilidade. Neste sentido, lançámos recentemente o “Pedestrian Defense”, um novo sistema que não só deteta comportamentos inseguros, como andar na calçada, mas os impede em tempo real, para prevenir ferimentos graves.

“Defender os peões e dar a conhecer ao domínio público os problemas dos condutores de trotinetes é vital para permitir o florescimento da micromobilidade partilhada”.

Na nossa perspetiva, também é importante incentivar esforços para promover políticas, iniciativas e melhores práticas relacionadas à mobilidade urbana sustentável. Também faz parte da responsabilidade dos operadores contribuir para a sensibilização dos cidadãos para os danos que a atual tendência da mobilidade urbana acarreta ao ambiente e à qualidade de vida. Na nossa visão, defender os peões e dar a conhecer ao domínio público os problemas dos condutores de trotinetes é vital para permitir o florescimento da micromobilidade partilhada.

Para uma melhor micromobilidade é importante estabelecer parcerias efetivas com agentes socioeconómicos locais e municípios, a fim de lançar novas políticas e medidas que irão beneficiar os cidadãos nas suas deslocações.

Também em termos de sustentabilidade, é importante sensibilizar as populações para as crescentes preocupações com as alterações climáticas, a qualidade do ar ou a segurança rodoviária.

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