A conferência internacional sobre mobilidade em bicicleta, Velo-city, trouxe a Lisboa o presidente da Federação Europeia de Ciclistas (ECF) que, perante uma plateia presencial de 750 pessoas, entre as quais decisores políticos de cidades de diferentes países, deixou claro que as mudanças que a pandemia acelerou ao nível da mobilidade já não podem ser paradas.
Henk Swarttouw, que falou esta segunda-feira na sessão de abertura do evento Velo-city Lisboa 2021, na FIL, afirmou que os europeus estão agora “a andar mais de bicicleta e a fazer mais quilómetros”, havendo também a destacar uma maior diversidade de tipos de utilizadores de bicicletas e de géneros de velocípedes.
Levar automóvel “não é uma opção”
Para Swarttouw, holandês que, após uma carreira internacional como embaixador nos EUA, França, Reino Unido, Finlândia e Dinamarca, passou a ser conselheiro independente sobre sustentabilidade e cooperação internacional, a mentalidade de levar o automóvel para todo o lado “não é uma opção” e disso é prova – evidencia este especialista – o facto dos cidadãos se terem virado para as bicicletas com a pandemia.
“Se essa transição pode ser feita temporariamente, pode também ser efetuada definitivamente”, aponta Henk Swarttouw.
“Mobilidade é mover pessoas e não veículos”, sublinha Henk Swarttouw.
Para o presidente da ECF, eleito para o cargo em abril último, “a mobilidade não tem que ver com o maior número de automóveis que consegue circular num minuto. O conceito a seguir é mover pessoas e não veículos. A lógica a adotar é também mover pessoas, carga e bens através de bicicletas. É todo um paradigma que tem de ser mudado”.

Este diplomata da mobilidade em bicicleta considera que para isso ocorrer é indispensável ambição do lado dos políticos, desde logo na necessidade de se garantir “mais segurança rodoviária – os 30 km/h de limite de velocidade absoluto devem ser defendidos para as vias urbanas”.
Mudar padrões de mobilidade
Swarttouw acrescenta que “mudar a mobilidade é mudar o modo como utilizamos as nossas ruas” e deu um exemplo: “Tem de ser possível levar as bicicletas nos comboios e até aos comboios”.
“Se existirem ciclovias, as pessoas usam-nas”, diz Swarttouw
O Presidente da ECF exorta: “Precisamos de infraestruturas eficientes e de mais espaço para as bicicletas. Se existirem ciclovias, as pessoas usam-nas”.
“Como ciclistas temos de continuar a pedir tudo isto para pressionarmos os políticos para que tornem possível esta mudança” que é também um contributo para a luta contra as alterações climáticas, advoga Swarttouw.
Nesse sentido, o responsável da ECF entende que “os ciclistas têm de se tornar parte importante do modo como os políticos vão implementar o Green Deal”, o Pacto Ecológico Europeu que visa que a Europa se torne neutra em carbono até 2050.
O evento Velo-city Lisboa 2021 decorre de 4 a 9 de setembro, nas instalações da FIL, em Lisboa e o Welectric é media partner.
A conferência de mobilidade em bicicleta deste ano está a ser organizada conjuntamente pela Câmara Municipal de Lisboa, a Federação Europeia de Ciclistas (ECF) e a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL).