Foto: Filipa Brito/CMPorto

Uma equipa de cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), em colaboração com o Instituto Superior Técnico, de Lisboa, e a Universidade Técnica de Viena (TU Wien), na Áustria, desenvolveram uma tecnologia baseada em xurografia.

O que significa isto? Esta técnica, descrita num artigo publicado recentemente na revista científica Advanced Science, permite acelerar um processo que normalmente é muito demorado e poderá facilitar a disseminação do uso dos sistemas órgão-em-chip (“Organs-on-Chips”) como alternativa à experimentação animal.

Genericamente, o tempo que decorre desde o desenvolvimento de um medicamento até à sua aplicação na clínica é superior a dez anos e isso deve-se, em parte, à utilização de modelos animais nos ensaios pré-clínicos.

Além das questões éticas inerentes ao uso de animais para este propósito, estes modelos não conseguem replicar, de forma eficiente, a resposta humana a um determinado fármaco.

Por esse motivo, têm sido multiplicados os esforços para encontrar alternativas que possam substituir a experimentação animal, num contexto pré-clínico, nomeadamente os órgão-em-chip.

Chips do tamanho de um disco USB

Neste caso, a tecnologia usada recorre a chips do tamanho de um disco USB, produzidos num tipo de silicone biocompatível, que “permitem recriar com detalhe o microambiente de um tecido ou órgão num contexto laboratorial, replicando não só a arquitetura, mas também as condições dinâmicas do órgão”, esclarece Daniel Ferreira, o primeiro autor do artigo e estudante de doutoramento do Programa Doutoral em Biotecnologia Molecular e Celular Aplicada às Ciências da Saúde (BiotechHealth), do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Além disso – adianta este especialista – “é possível combinar estes dispositivos com células provenientes de doentes, o que permite uma abordagem única num contexto de medicina personalizada”.

A técnica permite, assim, acelerar um processo que, normalmente, é bastante vagaroso e poderá vir a facilitar a disseminação do uso desta tecnologia como alternativa à experimentação em animais.

Através da utilização de uma “impressora de corte para remover, a partir de folhas de silicone, as geometrias dos canais de perfusão do chip, numa questão de segundos”, a inovação permite uma “melhoria significativa no tempo de produção”, referem os cientistas.

Deste modo, todo o processo pode ser executado com equipamento de baixo custo, reduzindo os três maiores encargos de fabricação: tempo, custo e espaço para alojar o equipamento de produção, explica o investigador que desenvolveu o seu trabalho no grupo Biofabrication do i3S, à publicação online da Universidade do Porto.

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