A associação Zero vai lançar esta 5ª feira, dia 25 de fevereiro, às 21 horas, o primeiro de um ciclo de três webinars sobre a maior floresta tropical do planeta, intitulado “Amazónia para além do óbvio”.

Este ciclo de webinars faz parte da programação semanal da Zero ao vivo no Facebook denominada “Meia-Hora de Bom Ambiente”, com respostas ao público que participa em direto no Facebook e com a gravação posteriormente disponibilizada no canal YouTube da Zero.

“Talvez nenhum outro lugar no planeta Terra tenha sido tão mistificado como a floresta amazónica. Imagens de animais selvagens, rios turbulentos, e florestas exuberantes recriaram o imaginário de muitos, particularmente aqueles que não estão familiarizados com a região. Expressões jornalísticas como ‘intocáveis’, ‘inabitadas’ ou ‘virgens’ certamente contribuíram para reforçar esses estereótipos. A realidade, porém, é muito mais complexa. A Amazónia é uma região muito dinâmica, onde múltiplas dimensões reverberam no espaço e no tempo”, refere a associação Zero.

Este ciclo de três sessões vai ser conduzido por Frederico Brandão, doutorado em Geografia e cientista português do CIFOR-ICRAF (Center for International Forestry Research (CIFOR) and World Agroforestry (ICRAF) baseado em Belém do Pará. Frederico Brandão é especialista em florestas tropicais, políticas de clima e cadeias de valor, e tem-se dedicado ao estudo e ao apoio ao desenho de políticas públicas para a Amazónia nos últimos oito anos.

“Grandes cidades, favelas, assentamentos de reforma agrária, várzeas, pastagens e áreas de mineração são alguns exemplos de realidades amazónicas menos conhecidas, onde múltiplos atores, meios de subsistência e ideias coexistem, competem ou cooperam. Para além dos grupos indígenas, há múltiplos atores que povoam esses territórios, incluindo descendentes de escravos fugitivos, migrantes sem terra, colonos japoneses, cowboys, ribeirinhos, descendentes de comerciantes europeus e árabes, garimpeiros, empresas nacionais e globais, e outros”, prossegue a Zero.

Primeiro webinar: dinâmicas de desflorestação

“Entre a narrativa naturalista do Éden Perdido e o sonho do El Dorado dos exploradores de ouro há um vasto território de territórios em disputa e em constante mudança que este ciclo de webinars pretende dar a conhecer”, afirmam os ecologistas.

No contexto atual onde a conservação da Amazónia surge mais uma vez na ordem do dia como tema de importância global, a Zero convida os interessados a conhecer um pouco mais esta apaixonante região.

O primeiro webinar é dedicado às dinâmicas de desflorestação, tema tão na ordem do dia, no ano dos grandes incêndios no Brasil, terá como moderador Francisco Ferreira, presidente da Zero e como convidados, duas grandes referências:

Ima Vieira – Investigadora Sénior do Museu Paraense Emílio Goeldi
Agrónoma de formação e doutorada em Ecologia pela University of Stirling, na Escócia. A sua área de atuação é ecologia de florestas, restauração florestal, dinâmica de usos da terra e biodiversidade. É autora de cerca de 150 publicações científicas e participa de inúmeras comissões e colégios ligados à ciência e tecnologia no Brasil. Entre os anos de 2005 e 2009, foi a primeira cientista paraense e a terceira mulher a assumir a direção do Museu Paraense Emílio Goeldi. Integrou recentemente uma equipa de 25 especialistas convidados a colaborar com o Sínodo para a Amazónia, evento da Igreja Católica que reuniu altos dignitários eclesiásticos em Roma sob a liderança do Papa Francisco.

Pablo Pacheco – Global Forests Lead Scientist na WWF
Doutorado em Geografia pela Universidade de Clark, nos Estados Unidos da América, Pablo Pacheco tem atuado nos últimos 20 anos como cientista especialista em governança, comércio e florestas. Antes de ingressar na WWF, foi cientista principal no Center for International Forestry Research sediado em Bogor, na Indonésia, liderando a equipa de cadeias de valor. Coordenou também o eixo de cadeias de valor e investimentos sustentáveis no Programa do CGIAR sobre Florestas, Árvores e Agrofloresta. Conduziu várias dezenas de estudos para várias organizações, incluindo o Banco Mundial e a FAO, em países como Brasil, Indonésia, Bolívia, Peru e Colômbia. É autor de mais de 200 publicações científicas.

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