Já é público o Relatório de Progresso Corporativo de Energia e Sustentabilidade 2020 redigido pela Schneider Eletric. Este que é considerado o grupo líder na transformação digital em gestão de energia e automação.

Estão registadas neste documento as conclusões tiradas através de um estudo feito às organizações. Através do estudo pretendia-se descobrir como é que as grandes empresas adquirem energia, fazem a gestão da procura de recursos, utilizam os dados e desenvolvem, financiam e executam os programas de eficiência e descarbonização.

A análise mais exaustiva recaíu sobre os seguintes aspetos: a gestão empresarial de energia e a descarbonização. Isto porque é necessário perceber a importância da gestão de energia, nomeadamente quando inserida num plano estratégico de sustentabilidade.

São também abordados no Relatório da Schneider Eletric o aumento da utilização de ferramentas de dados digitais. As alterações climáticas como um foco crescente do abastecimento energético e recursos é outra das temáticas abrangidas pelo estudo.

Para conseguir um relatório com conclusões o mais viáveis possível, foi feito um inquérito online e entrevistas telefónicas conduzidas pela GreenBiz Research. No total participaram nesta pesquisa 265 profissionais da área da energia e sustentabilidade.

Os inquiridos, oriundos de todo o mundo, supervisionam a aquisição, operações e sustentabilidade em empresas. Ou seja, são desde membros das administrações a colaboradores individuais. As empresas selecionadas para o estudo representam 17 setores do mercado e reportam receitas anuais de pelo menos 250 milhões de dólares.

Fornecimento de energia está a ganhar relevância

De todos os inquiridos, 87% concorda que o fornecimento de energia está a ganhar relevância. Quer ao nível da sua esfera de ação, como em termos da sua complexidade. Relativamente a esse ponto também se concluiu que, em 2020, os líderes de empresas reconhecem os gestores de energia como parte integral das suas operações de negócio.

Consequentemente, foram denotadas mudanças na maneira como as empresas abordam a gestão de energia. No relatório divulgado pela Schneider Eletric revelou-se que 56% dos inquiridos diz estar a contratar profissionais especializados nessa área.

Outra ressalva importante prende-se com o facto de o número de fontes de energia estar a aumentar. Adjacente a isso surge a necessidade de gerir mecanismos financeiros e desenvolvimentos tecnológicos num ambiente cada vez mais inconstante. Tudo isto obrigada as organizações a recorrerem a aconselhamento das melhores práticas e das estratégias mais económicas.

O que mudou entre 2019 e 2020?

É curioso comparar os dados do Relatório de Progresso Corporativo de Energia e Sustentabilidade de 2019 com o deste ano. Para começar, no ano passado apenas 29% das empresas entendia o sourcing estratégico de energia como uma iniciativa para a poupança de custos. Desde então esse valor aumentou, e atualmente são 46.5% dos inquiridos a constatar que o timing e a volatilidade dos preços são dos principais desafios com que se deparam.

Apesar de eventuais dificuldades, 60% das pessoas questionadas considera as energias renováveis como uma estratégia de aquisição a aplicar dentro de três anos para se controlar a referida volatilidade. Independentemente se são energias renováveis no local ou offsite.

A percentagem de inquiridos que afirma já ter adotado este tipo de energias é pequena, apenas 30%. Contudo, é contrabalançada com mais de 46% de respostas que denunciam a predisposição dos empresários em dar resposta a futuras inovações em termos de gestão de energia.

Do ponto de vista de 84 % dos inquiridos, o buy-in é fator de peso para se conseguir a aprovação e o financiamento de novos programas de energia e sustentabilidade.  É precisamente nesse sentido que vão as declarações de Bill Brewer, representante da Global Energy & Sustainability Services, Schneider Electric.

“A gestão de energia e recursos deixou de se limitar ao pagamento de contas de serviço, tendo-se tornado numa estratégia para mitigar riscos financeiros e de reputação”, afirma. Bill Brewel acredita que “o panorama está a evoluir rapidamente”. E por isso as empresas, para se manterem competitivas, “têm que implementar estratégias que demonstrem uma compreensão clara da direção que a gestão de energia está a tomar”, garante.

Crescente investimento em tecnologias digitais

O relatório da Schneider Eletric veio evidenciar os desafios inerentes à quantidade avassaladora de dados de energia e sustentabilidade atualmente disponíveis. Nomeadamente a dificuldade de navegar e gerir.

Todavia, o documento também enaltece algumas melhorias feitas nos últimos tempos. Por exemplo, no último ano cresceu o número de empresas que têm investido em tecnologias digitais. Estas tecnologias de que lhe falamos ajudam a diminuir a complexidade do setor das energias e da sustentabilidade.

Estatisticamente podemos-lhe dizer que: 37% das empresas inquiridas declarou trabalhar com dispositivos IoT. De entre os quais, medidores, sensores e outros ativos inteligentes. Os 37% referidos no relatório de 2020 representam o dobro relativamente aos dados relativos a 2019.

A aposta feita nos meios tecnológicos já está a ter impacto positivo nas organizações.  E isso denota-se pelos 63% dos inquiridos, possuidores de soluções digitais, que confessaram sentirem-se mais confiantes relativamente à sua preparação para a inovação na gestão de recursos.

O estudo também demonstra que as estratégias de gestão de energia e recursos estão a evoluir através de novas tecnologias de dados. Segundo dados do relatório, 48% dos inquiridos alega estar a adaptar os seus programas de gestão de dados de sustentabilidade ou energia. Para isso apostam no reforço da quantidade de dispositivos conectados.

Segundo o documento, 24% dos participantes afirmam estar a proceder a essa mesma adaptação. Contudo, estes recorrem ao aumento da inteligência artificial. Mas a maior percentagem é referente aos profissionais que ainda gerem os seus dados com recurso a folhas de cálculo. Estes últimos correspondem a 54% dos inquiridos.

A influência das alterações climáticas

Um dos participantes neste estudo considera que “as alterações climáticas estão no centro das atenções de qualquer empresa global”. Nesse sentido “desde os stakeholders aos investidores, passando pelos consumidores, todos estão atentos para verificar se as organizações estão a fazer a sua parte na tentativa de reduzir as emissões de carbono e comprometer-se com uma gestão de energia sustentável”. Na opinião do inquirido “é imperativo que as empresas comecem a definir planos para contribuir, se ainda não o fizeram”.

O estudo da Schneider Eletric demonstrou que as considerações ambientais são um dos fatores impulsionadores das iniciativas de energia e sustentabilidade. Pelos menos é essa a indicação dada por 51,5% das respostas. Quanto às alterações climáticas, 58% dos inquiridos considera este fenómeno como o principal risco aquando do abastecimento de energia e recursos.

Aparentemente, temáticas como a mitigação e adaptação das alterações climáticas e do aquecimento global, a rápida descarbonização e outras iniciativas associadas ao clima estão agora a ser alvo de maior atenção por parte das organizações. Quererá isto dizer que os líderes empresariais já começaram a entender as vantagens de enfrentarem as alterações climáticas? Alguns desses benefícios são, por exemplo: melhor reputação perante os stakeholders, novos produtos e serviços assim como eventuais benefícios de investimentos ambientais.

Outros dados estatísticos divulgados neste relatório

Dos inquiridos 50% apontou a marca e respetiva reputação como aspeto determinante para o investimento em energia sustentável. 47% refere a vantagem competitiva como fator decisivo para esse tipo de investimento.

No relatório de 2020, 70% dos inquiridos alegam ter definido metas de energia ou sustentabilidade, procedendo à sua respetiva divulgação. Um aumento significativo relativamente a 2019, em que apenas 57% protagonizaram essa ação.

Atualmente, a percentagem de inquiridos que afirma ter aumentado os objetivos em relação aos anteriormente definidos é de 75%. Estes confessam também estar mais confiantes que vão conseguir alcançar todas as metas a que se estão agora a comprometer.

Contudo, apenas 30% dos CEOs que responderam ao questionário afirmam acreditar verdadeiramente que a postura da sua empresa face às mudanças climáticas irá trazer vantagens para o negócio.

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