Numa altura em que os níveis de poluição chegam a ser alarmantes em algumas zonas do planeta, ainda há cidades que se destacam por ser um exemplo a seguir. Londres é um desses casos: a poluição atmosférica na zona de emissões ultrabaixas da cidade (ULEZ) já caiu mais de um terço. 

A ULEZ foi criada em abril de 2019 e corresponde ao centro da cidade de Londres, onde os motoristas são obrigados a cumprir os padrões de emissões poluentes recomendados. O não cumprimento desta regra pode ser sancionado com o pagamento de uma multa. 

Na área abrangida pela ULEZ, segundo o que é afirmado nos relatórios que dão conta do impacto ambiental desta iniciativa, não se verifica um crescimento da presença de dióxido de nitrogénio no ar desde que a medida foi implementada há seis meses. 

A aplicação da “taxa de toxicidade”, que serve para impor limites á circulação de veículos mais antigos e consequentemente mais poluentes, potenciou a redução da presença de agentes poluentes no ar londrino em cerca de 36%.  Esta é uma medida da autoria do político britânico Mayor Sadiq Khan implementada ainda este ano. 

Um mês depois da delimitação da ULEZ, a percentagem de veículos que circulam naquela zona da cidade e que respeitam os níveis de emissões poluentes recomendados subiu para os 77%. 

Como era Londres antes

Apesar de ser uma viagem de sonho para muitos, nem tudo nesta cidade de Inglaterra é admirável. Por exemplo, os níveis de poluição em Londres eram tão elevados que, em 2016, foram apontados como a causa de cerca de 40 mil mortes prematuras por ano. 

Não podemos também deixar de frisar que mais de 50% da poluição atmosférica desta cidade europeia é causada pelos veículos que nela circulam. Foi precisamente por essa razão que Khan impôs restrições ao tipo de carros autorizados a percorrer aquelas estradas. 

O objetivo de se alcançar uma diminuição de cerca de 45% dos níveis de poluição do ar no primeiro ano após a implementação desta medida estava muito próximo de ser atingido logo ao fim de seis meses, altura em que a queda dos níveis de poluição atmosférica já rondava os 31%.

“Estes valores vieram demonstrar que o ULEZ é um programa que consegue superar as expectativas”, sublinhou o político Khan acrescentando que “é a prova que podemos alcançar grandes objetivos se formos suficientemente corajosos para propormos políticas ambiciosas”. 

Futura expansão do programa 

A próxima meta dos autores do projeto ULEZ é estendê-lo aos subúrbios no interior de Londres, dentro de dois anos. É pertinente ainda relembrar algumas medidas complementares que vêm reforçar os efeitos positivos do ULEZ a nível ambiental. 

Entre as 7 da manhã e as 7 da tarde, de segunda a sexta, são aplicadas restrições ao tráfico no centro de Londres.

Além disso o político britânico Khan decretou recentemente o primeiro dia sem carros, o que fez com que durante esse período de tempo não fosse possível circular com veículos motorizados numa área total de vinte quilômetros ao longo da cidade.  

Também foi sugerida a criação de zonas pedestres e ciclovias em Londres, como forma de incentivo ao exercício físico e á redução das viagens de carros.  

Outras cidades vão “copiar” o projeto ULEZ

O ULEZ é, sem dúvida, um projeto que merece ser divulgado e replicado tanto quanto possível, prova disso é notório sucesso a que este tem sido associado. É exatamente isso que já está a acontecer, nomeadamente para lá da Europa. 

Nos Estados Unidos da América, será Nova Iorque a cidade pioneira a replicar, em 2021, o ULEZ londrino. Segue-se as cidades de Seattle e Los Angeles, também elas no continente americano, que deverão colocar os seus próprios planos de redução dos níveis de poluição atmosférica. No caso da cidade americana São Francisco o objetivo é proibir a circulação de carros no centro da Market Street.

Os mais reticentes á aplicação destas medidas restritivas são os motoristas, uma vez que o seu trabalho passará a ter muitas mais limitações devido a estes projetos de prevenção ambiental. 

Ainda que alguns se mostrem contra, é inquestionável o quão necessário e urgente é o desenvolvimento de mais projetos que protejam o meio ambiente e ajudem a recuperar a qualidade do ar nas grandes cidades.

Artigo anteriorUber Eats em dois anos já chega a 40% da população portuguesa
Próximo artigoDesenvolvimento de Polestar 2 entra na fase final